Eu queria crescer, para poder
fazer valer e arrogar das prerrogativas que me conferiam o status de emancipado
da tutela e sabedoria indesejáveis de quem já havia se “adultecido”.
Eu queria crescer, pois crescendo me
tornava auto-suficiente para ser auto-condescendente sem a tortura das eternas
explicações dos mesmos procedimentos comuns a todos os mortais.
Eu queria crescer para poder
destoar, radicalizar, rebelar , embrutecer e pronunciar em alto e bom som: Eu
sou dono do meu próprio nariz!
Eu queria crescer, mas
estranhamente hoje eu quero retornar...
As euforias de soltar pipa no
morrinho antes mesmo de ter tomado o café da manhã, candidatando-me a severas
repreensões por não ter feito o dever de casa veementemente exigido pela
professorinha. Aos calafrios e ansiedades do namoro juvenil que faziam acelerar
o coração todas as vezes que o meu amorzinho dirigindo a palavra dizia: Oi! A
velha cabana onde brincávamos de polícia/ladrão, onde preparávamos com sabor
inigualável alguns alimentos que inocentemente furtávamos da dispensa da mamãe
ou em algum terreno com pomar, onde fazíamos pactos de eterna fidelidade à
amizade gerada nas pequenas diversões e secretas transgressões.
A aventura dos acampamentos na pousada do Rio Quente
ou em salto Corumbá, do nado no lagoão, das incursões de bicicleta nas
ruas, do drible nos seguranças para assistir as sessões circenses. Até
mesmo pela tarefa doméstica diária responsabilidade inviolável para quem era
apenas um adolescente, valeria a pena!
Eu queria crescer... hoje eu quero
retornar... fragmentos e contradições de um ser em mutação!
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