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terça-feira, 27 de março de 2012

Autoriza-te

Olhe para mim! De onde vem tanto medo? Por que tanta insegurança? Qual é a dificuldade em me encarar? Arranque essa tarja dos olhos. Não se faça de cego quando tenho plena certeza de que estás me enxergando. Só fite-me sem piscar, sem desviar o olhar. 
          Como admira atentamente a chuva e não consegue desvendar o meu movimento, meu caminhar? Aliás, deixa a água escorrer e permita o frio te lembrar que ao teu lado era o meu lugar. 
          Agora estamos em pólos completamente opostos, e não há atração. O repugno tomou conta de ti e o desprezo de mim. 
          Não há firmeza em tuas atitudes nem coragem em teus passos. Vejo-te perfeitamente mesmo que tu não percebas. Reparo em cada detalhe, principalmente na tua face. A profundidade do teu olhar me transmite tristeza e no sorriso amarelo só avisto infelicidade. Muito fingimento, muita solidão, muitos falsos refúgios. 
          Só tenha a dignidade de culpar-te por tua situação. Estás no fundo do poço pelas tuas decisões. Não há impulso nem uma mão amiga que te levante. Não há subida por essas paredes frias, lisas e corroídas pelo ácido expelido com tuas palavras. 
          Por tua covardia continuarás aí, sozinho. Na escuridão que não te permite enxergar a palma da mão. Sem um espelho ou reflexo da água para mostrar teu rosto cansado, derrotado, acabado. 
          Olhe para mim! E não hesite. Pelo menos uma vez na vida tenha coragem de me olhar verdadeiramente. Sei o que você sente, mas não sou eu que tenho que permitir que tu recebas força para desdobrar estes joelhos impossibilitados. 
          Autoriza-te!

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